23.11.11

Ciro afirma que só sai candidato a presidente

Ele também defendeu a candidatura própria do PSB à Prefeitura, diante dos problemas que Fortaleza enfrenta hoje

O ex-deputado federal Ciro Gomes defende que o PSB lance candidatura própria à Prefeitura de Fortaleza nas eleições do próximo ano. Atualmente sem exercer mandato, Ciro tem trabalhado na estruturação do partido no Ceará. Ele afirma que não pretende se candidatar a nenhum outro cargo eletivo que não seja o de presidente da República e considera ser, agora, o nome o mais forte do PSB para disputar o Palácio do Planalto.

Em entrevista à Folha de São Paulo e ao portal UOL, Ciro citou a mobilidade urbana como um dos maiores problemas enfrentados hoje pela Capital cearense e criticou a falta de um planejamento estratégico com o intuito de resolver a questão. Ele trabalha para que o PSB apresente seu candidato a prefeito da Capital, "pela circunstância de Fortaleza", e sugere que a aliança com o PT fique para um eventual segundo turno da disputa de 2012.

Além dos problemas de mobilidade urbana, Ciro destacou que Fortaleza tem o 180º pior indicador de educação dos 184 municípios cearenses. "Do Ceará, que já não é uma Brastemp em educação. É um desastre", considerou. Dessa forma, ele defende que o PSB precisa lançar um quadro novo na disputa eleitoral de 2012, para discutir soluções para a Capital. "Se depender de mim, nós teremos candidato próprio", asseverou.

Acordos

Ressaltando que o partido poderia apoiar o PT no segundo turno, Ciro criticou os acordos políticos que não levam em conta o segundo turno, pois, segundo ele, tem a tarefa de eliminar a população do debate. "O povo brasileiro tinha que acordar para isso. Então se acerta o governador com a prefeita, pega daqui, toma dali. Tira o povo da jogada", declarou.

Para Ciro Gomes, se PT e PSB lançarem candidaturas separadas em Fortaleza viabiliza a dinâmica do primeiro turno e permite que o debate aconteça de forma mais consistente. Na ocasião, Ciro criticou a pobreza do debate da última eleição presidencial, polarizada entre Serra (PSDB) e Dilma (PT). Segundo ele, os candidatos poderiam ter debatido soluções ao País, o que não ocorreu.

Errado

"Nada do que nós precisamos resolver no Brasil tem solução se o povo não entrar na jogada. Por quê? Porque tudo o que está errado, não está errado por acaso. Está errado porque atende aos interesses de uma minoria ativa", explicou Ciro, ao defender a necessidade de uma espécie de pedagogia popular.

Ciro Gomes já foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda no Governo Itamar Franco, da Integração Nacional, no primeiro mandato do presidente Lula, e deputado federal. Atualmente, sem exercer mandato, ele avalia que está desenvolvendo um trabalho "agradável" na estruturação do seu partido no Ceará, a pedido do irmão, o governador Cid Gomes.

"Eu me meti lá na organização do PSB, que é o nosso partido, nos municípios todos do Estado do Ceará e traquejando com vereador. Coisa que há 25 anos eu não fazia e acabou sendo muito agradável", disse. Apesar de fazer essa avaliação positiva, Ciro Gomes admite que, por outro lado, não está realizado.

Ciro afirmou não ter pretensão de se candidatar a nenhum cargo público eletivo, a não ser o de presidente da República. Ele disse ainda ter sido forçado a disputar a cadeira de deputado federal, classificando seu mandato como ocioso.

Briga

Apesar do desejo de se candidatar ao Palácio do Planalto, Ciro disse não ter mais disposição para brigar por isso. "Porque essa briga já me custou coisas", disse, citando a reabilitação de um processo movido por Fernando Collor contra ele por dano moral, quando estava prestes a ser prescrito.

"Eu não quero mais ser candidato a nada e admito ser candidato a presidente da República", asseverou, embora o seu irmão, o governador Cid, já tenha declarado publicamente que Ciro poderia concorrer ao Senado em 2014.

Ciro Gomes disse ter se candidatado à Câmara Federal contra a sua vontade. "E generosamente acabei chegando na Câmara como o deputado mais votado do Brasil proporcionalmente. Mas foi o pior experimento da minha vida pública que já tem 33 anos", avaliou, justificando não ter feito nada por conta da coalizão PT e PMDB.

"A gente fica ali, oito, nove horas obrigado a ficar ouvindo conversa fiada, fragmentária. Porque ainda se fosse uma conversa convergente sobre qualquer assunto, me interessa", criticou. Ciro disse ainda que é preciso proteger e respeitar a Câmara dos Deputados porque representa o santuário da democracia.

Fraude

Porém, ele reclamou que a atual conjuntura não viabiliza o seu funcionamento porque são muitos deputados e aí se tenta criar mediações entre o colégio de líderes e a Mesa Diretora, em que as minorias ativas conseguem fraudar o coletivo.

No âmbito nacional, Ciro analisa que o PT desertou compromissos republicanos e transformadores, de maneira que o Governo Dilma herdou um PT completamente fisiológico. "Não sou um crítico do PT, sou um admirador frustrado".

Ele afirmou que o PT "cooptou tudo o que é sociedade civil organizada no Brasil". "Agora até a ADA, Amigos dos Amigos que era lá do (traficante) Nem na Rocinha acabou-se também", disse, referindo-se à facção criminosa do Rio de Janeiro. Conforme analisou, por conta disso, os movimentos de trabalhadores e de estudantes no Brasil estão "acéfalos". Ciro acredita que, diante dessa situação do PT, o PSB tem obrigação de considerar e pensar mudanças estratégicas para o País.

Ciro Gomes disse ainda achar natural que a aliança nacional entre PT e PSB seja rompida futuramente. "Não sei se é 2014", frisou. Ele destacou que o PSB vem crescendo e deve contrastar com a hegemonia do PT. Ele considerou que o presidente atual do seu partido, Eduardo Campos, está se credenciando para ser candidato a qualquer cargo, inclusive o de presidente, mas avaliou que o seu nome ainda teria mais respaldo para o cargo. "Hoje o mais forte (para a disputa presidencial) ainda sou eu. Mas ele tem potencial para superar tranquilamente. Por uma circunstância, não é falta de modéstia. É estrada nacional", justificou.

SAIBA MAIS

Ciro Gomes, sem exercer nenhum mandato público, afirma que está sobrevivendo do salário que recebe do partido e das palestras que ministra, através das quais ele se remunera.

O ex-deputado federal disse que não pretende se candidatar a nenhum cargo eletivo que não seja o de presidente da República. Na avaliação dele, seu nome é o mais forte do PSB para concorrer ao Planalto.

Sobre a aliança do PSB com o PT em Fortaleza, Ciro defende que o partido apresente candidatura própria à Prefeitura da Capital no próximo ano. Ele destacou que a cidade enfrenta sérios problemas de mobilidade urbana.
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Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1072297

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