2.11.12

Crescimento e Independencia do PSB Parte I

Estamos de volta após o Periodo eleitoral. E começamos pelo 1º Turno e apresentamos essa reportagem da Agencia de noticias Globo

Entre prefeitos e vereadores eleitos no primeiro turno, desponta um grande vitorioso destas eleições municipais. Com cerca de 8,6 milhões de votos, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi a legenda que mais cresceu em número de prefeituras, abrindo caminho para assumir um papel protagonista na disputa presidencial de 2014. Levando em conta apenas o resultado do primeiro turno, o partido conquistou 432 prefeituras, contra as 310 alcançadas na eleição de 2008. Em duas capitais, dois virtuais candidatos de oposição na futura corrida presidencial tiveram papel decisivo na vitória de seus apadrinhados políticos: em Recife, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, elegeu seu candidato, Geraldo Julio; e o tucano Aécio Neves comemorou ao lado do prefeito eleito Márcio Lacerda (PSB) a conquista de Belo Horizonte. Ambos os resultados romperam com um histórico domínio petista nas administrações municipais: na capital pernambucana, foram 12 anos; na mineira, 20.

- O PSB está se colocando como uma alternativa ao PT. O interessante é que onde ele cresce, o PT não. Não tem espaço para os dois - analisa Ricardo Caldas, cientista político da UnB.

A tendência de que o partido alcance um protagonismo nacional, entretanto, parece inevitável. Nas últimas eleições para governador, o PSB conquistou a administração de seis estados, sendo cinco deles no Nordeste.

- O PSB já vem avançando desde 2010, quando conquistou diversos governos, como Ceará e Paraíba. Isso mostra que o partido começa a ganhar musculatura a nível nacional e vai ter alguma influência nas negociações para 2014, mesmo que Eduardo Campos não saia candidato - aponta Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio.

Além do PSB, apenas o PT e o recém-criado PSD elevaram o número de prefeitos eleitos em relação a 2008. Administrações petistas dominam agora 622 prefeituras, contra as 554 conquistadas anteriormente. Já o PSD, criado apenas em 2011 ­- após o último pleito municipal - elegeu 492 prefeitos, tornando-se a quarta maior força política, atrás do PMDB (1.014), PSDB (682) e PT.

A influência do PSD pode, inclusive, ser um trunfo para o PSB na busca por um protagonismo nacional. Prefeito de São Paulo e fundador do PSD, Gilberto Kassab já se referiu a Campos como "meu líder" e tem buscado estreitar laços com o pernambucano. Segundo Ricardo Ismael, é provável que os socialistas busquem apoio na recém-criada legenda como forma de superar o caráter regionalista que o partido tem hoje e ganhar mais influência no Sudeste.

- O PSB tem dificuldade de entrar no Sudeste. Já conseguiu entrar em Minas com a eleição do Márcio Lacerda, em Belo Horizonte. Mas precisa do Rio e São Paulo para conseguir espaço para disputar a Presidência - avalia Ismael.

Dos 432 prefeitos eleitos pelo PSB, 262 estão no Nordeste. O partido perde apenas para o PMDB como força política, que elegeu 284 naquela região.

- O partido tem condições de sair da base aliada e formar uma nova coalizão. Tudo vai passar pelo projeto do senador Aécio Neves, principal alternativa a Dilma ou Lula em 2014. O PSB pode até lançar um cabeça de chapa, mas acredito que o governador de Pernambuco ainda não tem cacife para ser candidato à Presidência - aposta Caldas. - O PSB está passando de um partido regional para médio, mas no futuro passará de médio para nacional.

A entrada do partido na disputa presidencial trará ganhos políticos mesmo em caso de derrota, na opinião de Ismael:

- O PSB é do mesmo campo ideológico do PT, de centro-esquerda. Então tenta ocupar um espaço como sucessor no futuro nacional - afirma o cientista político. - O partido tem condições de fazer uma boa votação nacionalmente. Mesmo se perder no primeiro turno, ele sairá mais conhecido.

Se o cenário se confirmar, não será a primeira vez que o PSB apresentará um candidato à Presidência. Em 2002, após se desfiliar do PDT, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho concorreu ao Palácio do Planalto pela legenda. Com 15 milhões de votos, a candidatura não passou para o segundo turno, quando o partido voltou a declarar apoio a Lula, candidato que abraçara nas eleições de 1989, 1994 e 1998. Em 2010, a candidatura presidencial de Ciro Gomes chegou a ser lançada, mas foi retirada, quando o partido decidiu pelo apoio a Dilma. O PSB tem hoje dois cargos no primeiro escalão do governo federal: o ministério da Integração Nacional, ocupado por Fernando Bezerra, e a Secretaria Especial de Portos, cujo titular é José Leônidas Cristino.

Criado em 1945, com o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, o PSB, ainda sob a alcunha de Esquerda Democrática, surgiu como uma força política contrária aos udenistas e comunistas. Fundado por líderes como João Mangabeira, os escritores Rubem Braga e José Lins do Rego, e o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o partido defendia um socialismo construído de forma gradual, com ampla liberdade civil e política. Com a promulgação do Ato Institucional n02, foi extinto, sendo refundado apenas em 1985. Com o surgimento de novas siglas, o partido se viu representado inicialmente por apenas um senador na Constituinte, o carioca Jamil Haddad.

- O PSB é um partido muito antigo e tradicional. Não só ele mas todos os partidos de centro-esquerda tiveram que enfrentar o mesmo desafio, o de se popularizar. Surgiram seguindo um modelo partidário dos anos 1940, em que as legendas eram formadas por uma elite intelectual. Quando chegou o PT, um partido de massas, todos sofreram com isso. E até hoje tentam se recuperar - diz Caldas.
Em 1990, com a volta de Miguel Arraes - eleito três vezes governador de Pernambuco e deputado federal mais votado do estado em 2002 - ajudou a ampliar a influência do PSB no Nordeste, mas não garantiu uma atuação nacional à legenda.


Fonte Agencia Globo: http://br.noticias.yahoo.com/crescimento-nas-capitais-abre-caminho-independ%C3%AAncia-psb-161812164.html

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